domingo, setembro 21, 2008

Destruicao

Faltam 18 dias para acabar.

Comecei uma insensata auto-destruicao sem sentido, festando como um ator porno no auge, dormindo tres horas por noite e trabalhando feito um zumbi - minha mente esta descompensando seria ou simplesmente nao posso mais me incomodar ?
Desembarco em Barcelona e ficarei alguns dias antes de seguir viagem pela Europa em busca de descanso, comida e redencao para minha perturbada alma que anseia por vida mundana, quero estar em bares, restaurantes, procurar as melhores comidas locais de rua, me aventurar pela Europa em minhas roupas normais e me sentir normal para variar.
As ultimas semanas tem sido irritantes um pouco (irritadas seria mais apropriado) pois tudo me incomoda e discuto por pouco com as pessoas e em certos dias eu me acho um cuzao de primeira categoria, outro dia parei para pensar como enfrentei um chef alemao de quase dois metros de altura/largura sem realizar que ele poderia esmagar minha cabeca como um melao podre entre suas poderosas maos; ele foi realmente clemente comigo, no lugar dele eu teria pego uma faca e torcido em minha garganta.
Tenho dormido todas as tardes pois nao saio mais nos portos (nao tenho energia) e ando irresponsavel e destrutivo em relacao as relacoes, digamos assim, quando voce para de se importar com as pessoas coisas ruins tendem a acontecer e esse sinceramente nao sou eu, ou nao era, pois tudo dentro do navio nao corresponde exatamente ao que poderia ser em terra, apenas uma coisa nao muda : carater, se voce nao tem carater, nao sobrevive dois meses aqui dentro pois eh impossivel enganar tantas pessoas por tanto tempo.
Diariamente as pessoas me perguntam quantos dias faltam so para me ouvir gritando "dezoito !!", ao passo que eu peco para me perguntarem de novo (outro dia gritei vinte e tres umas vinte vezes, todos adoravam ver minha cara de alegria).
Meu Chef de Partie atual eh um cara que tem muita paciencia, pois ter um assistente que nao liga para muito (mas trabalha, isso sim) e as vezes chega atrasado mesmo morando na merda do emprego requer muito mais que diplomacia, requer divindade.
Meus olhos tem agora largos aneis azuis-arroxeados,minhas maos uma multitude de micro-pequenos cortes que ardem a qualquer contato com temperos e limao, minha expressao eh um misto de alegria e dor, o trabalho na cozinha eh um palacio da dor pois nos cortamos, queimamos, temos musculos estirados por carregar muitas caixas e pes que botariam para correr uma pedicure de presidio tatuada. Minhas pernas entao, melhor nem comentar, basta olhar para mim me movimentando de longe e assumir que tenho oitenta anos de idade (apos isto, duvido que chegue la).
Hoje temos uma festa na area de provisoes (que costuma ser um sucesso entre a tripulacao) e cogito nao chegar nem perto do lugar, vou dar o meu melhor para isso.
Claro que nao vou conseguir.
Mas quero tentar assim mesmo.

O fim nunca chega, e quando chegar ainda tem o "e agora ?"...
...parece que o teatro da dor nunca tem fim, Droga.

domingo, setembro 14, 2008

O começo do fim.

O começo do fim.

Faltam 25 dias para o final desta jornada.

Lugares incríveis e inesperados como Dubrovinik, Croácia, Istambul na Turquia, Santorini e Rhodes na Grécia, e lugares incrivelmente terríveis como Port Said no Egito e Haifa em Israel que te fazem pensar que o Brasil não é afinal a última extremidade inferior do mundo, não me levem a mal, mas comparado com a França ou Itália nós somos aquele bairro barra-pesada que deve ser evitado a qualquer hora do dia ou noite.
Pessoas então, vêm e vão em igual velocidade aos portos, Cyril – o louco que de louco não tem nada, Damien de Camarões, Martin da República Tcheca (que na verdade é o único até agora a ter o perfil e mente criminosa de um chef), e muitos, muitos outros que me carregaram no colo durante estes dias de difícil adaptação para este atrapalhado cozinheiro que lhes escreve matando um litro de vinho para aplacar a dor moral de ter reclamado meses a fio por uma punição auto-inflicta, digamos assim.

Estranho até agora a mudança do perfil de meus companheiros de cozinha, perto de meus antigos chefs eles são garotinhas escoteiras cozinhando biscoitos para vender – meus antigos amigos de cozinha (e eu) estavam sempre a planejar pequenos furtos e outras atividades pouco aconselháveis além de beber, fumar, engolir e inalar qualquer substância controlada ou ilegal como meio de entretenimento além do inevitável assédio ao staff do salão, nem sempre bem-sucedido pois algumas garçonetes preferem fiapos de bambu embaixo da unha a beijar um chef; profusamente tatuados e com piercings em seus genitais (dos quais mostravam orgulhosamente a cada pedido – dentro da cozinha) éramos uma gangue de piratas, pilhávamos as bebidas restantes de cada festa do salão, furtávamos a cada chance itens menos accessíveis a nossos bolsos de cozinha para cozinharmos na casa de quem morasse mais perto, seja um pedaço de foie gras esquecido, um porterhouse steak, ou até um pote de trufas negras que ocasionalmente já havia sido pago pelo custo da comida do mês e passaria desapercebido, não importa, nossas noites eram puro prazer (sabemos dar prazer, trabalhamos na indústria do prazer), nossas happy hours começavam à uma da manhã e éramos uma matilha feroz após dez, doze, quatorze horas de trabalho defronte uma grelha à 300 graus Celsius, nossas mentes amolecidas e entorpecidas, tomávamos as cervejas para o staff e em seguida rumávamos para o Pub local onde as pessoas abriam nosso caminho até o balcão (“os chefs chegaram”) e depois de trabalhar tão duro, eu vou demandar sim que aquele bundão se levante ou se afaste do balcão para que possa tomar a minha birita. Eu era barra-pesada, apesar da cara de bom moço (não tenho culpa de ser loiro de olhos claros, baixinho e sem a menor cara de mau) eu não só acompanhava mas também era líder de pequenos esquemas vamos-beber-de-graça ou a-bebida-roubável-do-dia.
Aqui, todos são cordeirinhos bem-comportados, ninguém rouba nada mais caro que vegetais domésticos e prosaicos, ninguém afana aquele litro de vinho Madeira dando sopa na geladeira e ninguém canta a garçonete na cara larga. Onde fui parar ?
Outro dia, roubei pasta fresca do Toscana (após o serviço terminado do jantar) que deve ter um custo de US$ 0.50 e adicionei um pequeno luxo de trufas negras e óleo trufado que devem custar pelo menos uns US$ 50,00... ...os olhares de reprovação eram profundamente claros tanto quanto ignorados – porque trabalho como um escravo, não devo comer como um, se vocês dessem uma boa olhada na comida do Crew Mess, garanto que além de me perdoarem, pagariam um jantar para mim em um lugar bacana.
Foi uma refeição de um Rei.
Estou apenas exercendo a única e boa razão para se ser um chef/cozinheiro que é comer o que bem entender de graça. Tenho pouca clemência também por shitakes e portobellos, Prime Rib, Ossobuco (quase jogo a carne fora para roer o tutano delicioso), e tantas outras iguarias das quais não tenho acesso em minha prosaica vida no Brasil.
A verdade é – as pessoas aqui gostam do meu atrevimento, da minha desprovida falta de consciência ao roubar lindas e já douradas peças de foie gras para minha pasta com amêndoas e vinho branco ao creme, eles gostam de saber que ALGUÉM está fazendo justiça à merreca que nos pagam, alguém está recebendo o que merece.
Não que eles não peguem comida para seus currys e adobos (Indianos e Filipinos, bem dito) mas lhes falta a graça e a ambição de roubar os melhores ingredientes e transforma-los em algo sublime, Renata disse que a minha pasta é melhor que a do Satiricon, uma inflada e tanto no ego, devo acrescentar.
A barba por fazer (sempre), meus sapatos desgracentos, meu uniforme todo manchado e minha total falta de interesse pelo cardápio proposto me fizeram um tipo de caso perdido, ninguém pega mais no me pé e sempre quando posso, faço as coisas do meu jeito pois ter asiáticos tentando pensar por você, um porco ocidental e capitalista mercenário, sempre gera desgraça e atrasos pois a falta de praticidade e espontaneidade deles não bate com minha selvagem inclinação pelo improviso e flexibilidade na hora de preparar um prato, por flexibilidade entenda-se o Sistema “D”, saca MCGiver ? então, o sistema “D” trata exatamente disso, livrar o seu traseiro indecente de uma bela raquetada por falta de mise em place, por procedimentos duvidosos de cozimento de emergência tipo, um steak sendo mergulhado na fritadeira para o bem-passado ao mesmo tempo do médio na grelha (não faria jamais mas... dá uma idéia) ou a obtenção de itens sem autorização dos chefs de outras estações de trabalho, não importa, o sistema D vem de Débrouiller ou Demerdér, segundo meu ídolo Anthony Bourdain descreveu (se vocês lerem os livros dele, vão perceber que copio descaradamente o estilo dele minus a inteligência), enfim, o démerder sabe a hora de arregaçar as mangas e fazer aquela carne esquecida no fundo de uma geladeira virar um steak tartar de cem reais. Mesmo que jogando no robot Coupé, o que é um pecado pois deve ser na faca, mas na hora do aperto todos os pecados são perdoados para que possamos sair da cozinha no final da noite e beber de alegria, ao invés de matarmos a merda de nossas consciências com álcool por perder a batalha e entender porque Vatel se matou (na verdade, ele se matou porque sua encomenda de peixe nunca chegou) e se ele tivesse emprestado de alguém qualquer peixe ao invés de enfiar sua faca no estômago ? O sistema D teria poupado sua vida. Tudo sobre este trabalho é esperar pelo pior. Mise em place, é esperar pelo pior, usar sapatos com bico de aço é esperar pelo pior, aprender como usar um extintor é esperar pelo pior, assim como saber onde roubar cada item que poderá acabar do seu Mise durante o jantar... ...sempre estamos esperando pelo pior não importa, se somado ao navio a coisa piora – sabemos como prestar primeiros socorros, conduzir multidões nervosas, apagar incêndios entre outras medidas de evitar tragédias corriqueiras que podem, a qualquer momento, matar as mais de mil pessoas à bordo. Poseidon, alguém disse ?
O fim se aproxima, estou contabilizando meus podres, minhas conquistas, meus portos, mas ainda sim não têm sido fácil, na real, sempre lembro daquela cena de Kill Bill, onde Lucy Lyu pergunta à Uma Thurman – “ Você achou que ia ser fácil ?” e ela responde na maior sinceridade , “ Na verdade, achei...” fazendo uma cara de quem vai levar uns minutos a mais no trabalho enquanto decepa, tritura e decapta ninjas às centenas.
As últimas semanas foram de discussão, trabalho, ressacas incríveis, poucos portos (já vi todos e não posso ser incomodado), muitas horas de miséria absoluta, poucos momentos de intenso e agonizante prazer, provar Dolmades na Grécia, uma pasta Marinara à beira-mar na Itália, um legítimo Kebab em Istambul, Tâmaras frescas no mercado de rua do Egito, entre várias e várias cervejas locais para regar tudo... ...fazem quase tudo isso valer a pena, fora as milhares de restrições sempre em meu caminho.

Eu sempre aprendo tudo da maneira mais difícil, eu sei.

Mas se existe uma maneira mais fácil, qual seria a graça de se chegar ao fim ?

quinta-feira, setembro 04, 2008

O video que eu gostaria de ter feito.

Maravilhoso, estupendo, sem palavras, pena que nao fui eu quem fiz...


http://www.youtube.com/watch?v=xfq_A8nXMsQ

Wear Sunscreen

Se eu pudesse dar um conselho em relação ao futuro, eu diria:"usem filtro solar". O uso em longo prazo do filtro solar, foi cientificamente provado. Os demais conselhos que dou baseiam-se unicamente em minha própria experiência.
Eu lhes darei esse conselho:
Desfrute do poder e da beleza da sua juventude.

Oh, esqueça...
Você só vai compreender o poder e a beleza quando já tiverem desaparecido. Mas acredite em mim. Dentro de vinte anos você olhará suas fotos e compreenderá de um jeito que você não pode compreender agora quantas possibilidades se abriram para você e o quão fabuloso você era... Você não é tão gordo(a) quanto você imagina.

Não se preocupe com o futuro.
Ou se preocupe, mas saiba que se preocupar é tão eficaz quanto tentar resolver uma equação de álgebra mascando chiclete. É quase certo que os problemas que realmente têm importância em sua vida, são aqueles que nunca passaram pela sua mente, tipo aqueles que tomam conta da sua mente às 4 horas da tarde de uma terça-feira ociosa.

Todos os dias faça alguma coisa que te assuste.

Cante.

Não trate os sentimentos alheios de forma irresponsável.
Não tolere aqueles que agem de forma irresponsável em relação aos seus sentimentos.

Relaxe.

Não perca tempo com inveja. Às vezes você ganha, às vezes você perde. A corrida é longa, e no final, tem que contar só com você.

Lembre-se dos elogios que você recebe. Esqueça dos insultos.
(Se você conseguir fazer isso, me diga como...)





Guarde suas cartas de amor.
Jogue fora seus velhos extratos bancários.

Estique-se.

Não tenha sentimento de culpa por não saber o que você quer fazer da sua vida. As pessoas mais interessantes que eu conheço não tinham, aos 22 anos, nenhuma idéia do que fariam na vida. Algumas das pessoas interessantes de 40 anos que eu conheço ainda não sabem.

Tome bastante cálcio.

Seja gentil com seus joelhos.
Você sentirá falta deles quando não funcionarem mais.

Talvez você se case, talvez não. Talvez tenha filhos, talvez não.
Talvez você se divorcie aos 40.
Talvez você dance uma valsinha quando fizer 75 anos de casamento.
O que você fizer, não se orgulhe, nem se critique demais.
Todas as suas escolhas tem 50% de chance de dar certo. Como as escolhas de todos os demais.





Curta seu corpo da maneira que puder.
Use-o de todas as formas que puder.
Não tenha medo dele ou do que as outras pessoas pensam dele.
Ele é o maior instrumento que você possuirá.

Dance.
Mesmo que o único lugar que você tenha para dançar seja sua sala de estar.

Leia todas as indicações, mesmo que você não as siga.

Não leia revistas de beleza. Elas só vão fazer você se sentir feio.

Saiba entender seus pais.
Você não sabe a falta que você vai sentir deles quando eles forem embora pra valer.

Seja agradável com seus irmãos. Eles são seu melhor vínculo com o passado e aqueles que, no futuro, provavelmente nunca deixarão você na mão.

Entenda que os amigos vão e vem, mas que há um punhado deles, preciosos, que você tem que guardar com muito carinho.





Trabalhe duro para transpor os obstáculos geográficos e os obstáculos da vida, porque quanto mais você envelhece, tanto mais precisa das pessoas que te conheceram quando você era jovem.

More em New York City uma vez.
Mas mude-se antes que ela te transforme em uma pessoa dura.

More no Norte da California uma vez.
Mas mude-se antes de tornar-se uma pessoa muito mole.

Viaje.

Aceite algumas verdades eternas:
Os preços vão subir,
os políticos são mulherengos e
você também vai envelhecer.
E quando você envelhecer, você fantasiará que quando você era jovem:
os preços eram razoáveis,
os políticos eram nobres e
as crianças respeitavam os mais velhos.

Respeite as pessoas mais velhas.





Não espere apoio de ninguém.
Talvez você tenha um fundo de garantia.
Talvez você tenha um cônjuge rico.
Mas você nunca sabe quando um ou outro pode desaparecer.

Não mexa muito em seu cabelo.
Senão, quando tiver quarenta anos, vai ficar com a aparência de oitenta e cinco.

Tenha cuidado com as pessoas que lhe dão conselhos.
Mas seja paciente com elas.
Conselho é uma forma de nostalgia.
Dar conselho é uma forma de resgatar o passado da lata do lixo, limpá-lo, esconder as partes feias e reciclá-lo por um preço muito maior do que realmente vale.

Mas acredite em mim, quando eu falo do filtro solar.

terça-feira, setembro 02, 2008

Redux.

Vamos para mais uma postagem sem pe ou cabeca.

Bem, faltam 37 dias para o fim do contrato (encurtaram de quase toda a tripulacao em 21 dias, aleluia) e desembarco em Barcelona.
Cyril foi embora, muitos amigos se foram, esvaneceram-se - desaparecem conforme vao-se indo, apos uma semana ninguem mais comenta sobre as pessoas que saem de ferias.
Na ultima noite de Cyril, fomos ate a cabine dele tomar um porre e ouvir musica muito alta para irritar o chef italiano do Toscana,que morava na cabine ao lado, as tres da manha quando estava indo embora enfiei uma bica na porta dele, me fez sentir melhor, o cara me desprezava mesmo entao sem grandes mudancas no status.
Minhas tarefas continuam as mesmas, mas tenho achado cada vez mais maneiras de burlar minhas obrigacoes e mesmo me esforcando o maximo, ainda tem pessoas fazendo muito menos que eu, vejam so quanta capacidade desse pessoal em superar (tudo).
Aprendi a roubar a comida interessante, a conseguir breaks nao-autorizados, cerveja no meio do turno (bebida dentro da geladeira em dois goles), a chegar uma hora atrasado de manha e fazerem todos pensar que estava ocupado em outro outlet, enfim... ...estou me tornando um chef novamente, um pirata, um cara da turma.
Na verdade, eu consigo me safar de assassinato aqui, diariamente.
Ainda tenho vontade de esbofetear alguns passageiros com um T-bone bem pesado, alguns membros da equipe a frigideiradas quentes e de jogar algumas pessoas ao mar amarradas em uma batedeira gigante. Paciencia, ha tempos nao tenho mais.
Exemplo de falta de paciencia : pus a comida na lampada aquecedora estes dias e o garcon na minha frente me olhando; eu olhando de volta, cara seria. Ele continua me olhando, de baixo para cima e eu encarando ele e a comida esfriando.
"Posso levar ?"
"Nao, traga o passageiro aqui para comer" disse. Continuei olhando para ele com cara seria, silencio ainda - "Pega esta merda e some, please" e la se foi ele.
Nao consigo mais lidar com os chefs do alto escalao pois nao posso gritar com eles (na real, ate ja gritei com eles), o dia da excursao para o Egito entao, na qual fui barrado por ter que trabalhar e no dia da maldita excursao (na verdade, meia hora depois de terem saido) fui avisado para tirar apenas seis horas de folga, pois tinha overtime para descontar - fui voando falar com o chef executivo, enfurecido; aparentemente eu nao mereco ter prazer neste lugar, como disse, essa gente acha que nao fui torturado o bastante, na real, passei por todas as fases daqui, negacao, ira, desespero e finalmente aceitacao...
Tenho enchido a cara todas as noites no Crew Bar, acordo feito um zumbi todas as manhas e engulo um balde de cafe preto para empurrar os cigarros antes de trabalhar e arrasto minha ossada durante o dia procurando lugares estrategicos para encosta-la em algum lugar fora de olhares supervisores.
Entendo agorao que eh tao viciante no navio para estas pessoas, estar em "seguranca" aqui, fora do mundo real, nao tendo que lidar com a pessoas que realmente importam e que podem te machucar violentamente (relacoes humanas sao brutais), nada importa aqui, apenas voce, seu trabalho, seu dinheiro, os portos e seja la o que as pessoas estao buscando aqui (na minha opiniao, abrigo).
Quando voltarmos, quero saber como o navio vai foder com meu senso de realidade, tipo... "tenho que pagar por comida ?", "comprar papel higienico ?", dirigir um carro sera a experiencia mais petrificante do mundo, imagina, se locomover em terra ?? sem agua em volta ? caramba...

Tenho que parar aqui sem nenhuma conclusao de verdade, mas tentarei manter os blogs vindo... ...mas to cansado pracas para me preocupar na maioria dos dias...
 
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